Crise na saúde do AM: deputado denuncia assassinatos por negligência no Hospital 28 de Agosto 1ca22
Amazonas – O deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) levou à tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), denúncias graves envolvendo possíveis casos de negligência médica em duas das principais unidades hospitalares da capital: o Hospital 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu. As denúncias, segundo o parlamentar, chegaram por meio das redes sociais e apontam falhas graves na gestão dos serviços de saúde, que atualmente estão sob responsabilidade da Organização Social AGIR (Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde), contratada pelo Governo do Estado.
Durante a sessão, Barreto revelou que se reuniu nesta semana com o promotor de Justiça Vicente Augusto Borges de Oliveira, da 10.ª Promotoria de Justiça Criminal do Ministério Público do Amazonas (MPAM), para apresentar os casos. Entre as denúncias, estão relatos de óbitos que teriam sido causados por negligência e pela substituição de médicos experientes por profissionais recém-formados, sem especialização adequada.
“Estamos recebendo denúncias alarmantes de pessoas que perderam familiares em situações que, ao que tudo indica, poderiam ter sido evitadas. São vidas ceifadas por falta de preparo e por uma gestão que está colocando em risco a saúde da população”, afirmou o parlamentar, que levou ao Ministério Público capturas de tela com as mensagens e relatos recebidos.
Segundo ele, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) também já havia constatado, durante fiscalização ao Hospital 28 de Agosto, uma crise nas especialidades médicas da unidade. “O próprio CRM atestou o caos. Estamos diante de um colapso provocado por decisões irresponsáveis. O que está acontecendo no 28 de Agosto é, literalmente por negligência, um assassinato”, declarou.
Barreto informou ainda que está reunindo documentação para formalizar cada caso individualmente e permitir que o MP-AM possa dar andamento às investigações. O promotor Vicente Oliveira reconheceu a gravidade das denúncias e solicitou que o deputado formalize os casos com provas materiais, como prontuários médicos, laudos e registros oficiais.
“Saí da reunião com a certeza de que o Ministério Público está atento e comprometido com a defesa da vida. Vamos seguir fazendo nossa parte: cobrar, denunciar e estar ao lado da população que mais precisa do serviço público de saúde”, disse Wilker.
População em risco
O parlamentar alertou para o risco iminente que os usuários do sistema público de saúde estão enfrentando diante da atual gestão hospitalar. Para ele, a troca de médicos experientes por recém-formados, muitas vezes sem a devida capacitação para lidar com a complexidade das unidades, é um fator determinante para o aumento de complicações e mortes evitáveis.
“A população está pagando com a vida por escolhas istrativas equivocadas. Não podemos permitir que a inexperiência coloque em risco a vida de quem depende do SUS”, destacou Barreto, que reforçou a importância da população também procurar o Ministério Público em casos de violação de direitos.
O caso amplia o debate sobre a terceirização da gestão da saúde pública no Amazonas e levanta questionamentos sobre os critérios utilizados para contratar organizações sociais, como a AGIR. Enquanto isso, famílias seguem buscando respostas para perdas dolorosas e cobrando providências urgentes das autoridades.
Conforme o andamento das investigações, os representantes do Governo e da OS AGIR podem ser convocados para prestar esclarecimentos.