Barragem de garimpo ilegal se rompe e contamina rios do Amapá 1j423g
Brasil – Um grave desastre ambiental atingiu os municípios de Pedra Branca do Amapari e Porto Grande, no Amapá, após o rompimento de uma barragem de garimpo ilegal. O colapso despejou uma grande quantidade de rejeitos nos rios Cupixi e Araguari, comprometendo a qualidade da água e colocando em risco a saúde dos moradores da região.
Impacto ambiental e preocupação local
A lama contaminada mudou drasticamente a coloração da água, o que alarmou a população local. Uma moradora gravou um vídeo logo após o incidente e expressou sua indignação: “O Rio Cupixi está pedindo socorro! A situação aqui está crítica. Olha só a cor da água! Antes era cristalina e agora está assim.”
Segundo o governo do estado, a barragem colapsou após uma implosão de terra em uma área de difícil o, agravada pelas fortes chuvas. O incidente ocorreu na última terça-feira (11/2), e os rejeitos escoaram para um igarapé que desemboca no Rio Cupixi, com o temor de que a contaminação atingisse o Rio Araguari, um dos principais cursos d’água do estado.
Garimpo ilegal e impacto econômico
A Polícia Federal registrou um aumento expressivo da atividade de garimpo ilegal no Amapá nos últimos anos. Dados indicam que, em quatro anos, foram extraídas clandestinamente cerca de duas toneladas de ouro, um volume equivalente a R$ 642 milhões. A área explorada pelo maior garimpo ilegal do estado cresceu aproximadamente 4,2 mil hectares, o que corresponde a 4,2 mil campos de futebol.
Os garimpeiros usavam a barragem para conter os rejeitos da extração de ouro. Após o rompimento, os criminosos fugiram, deixando para trás todo o material contaminante, o que agravou ainda mais os danos ambientais.
Medidas e investigações
Neste sábado (15), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, esteve em Porto Grande acompanhado de autoridades estaduais e municipais para avaliar os impactos do desastre. Diante da gravidade da situação, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC) reconheceu estado de emergência nos municípios de Pedra Branca do Amapari, Porto Grande, Ferreira Gomes e Cutias do Araguari.
Além disso, a Polícia Científica do Amapá já iniciou a coleta de amostras de água para avaliar os níveis de contaminação, enquanto as Polícias Civil e Federal abriram inquérito para investigar a origem e os responsáveis pelo dano ambiental. O caso reacende o debate sobre o avanço do garimpo ilegal na Amazônia e a necessidade de maior fiscalização e punição para crimes ambientais.
Silêncio do Governo Federal
Apesar da gravidade do incidente, o rompimento da barragem não foi mencionado na visita do presidente Lula e do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) a Macapá, dois dias depois do desastre. Na ocasião, as autoridades inauguraram obras e discutiram a exploração de combustíveis fósseis pela Petrobras na foz do Amazonas, sem mencionar a catástrofe ambiental em andamento no estado.
A omissão do governo em relação ao desastre ambiental levanta questionamentos sobre as prioridades da istração federal e estadual diante da crescente devastação causada pelo garimpo ilegal na região amazônica.